O Brasuca Multicultural recebe neste final de semana um dos grandes nomes da nova música brasileira. Israel Feliciano, ou simplesmente Rael, chega cheio de vontade de fazer uma apresentação memorável para marcar a região. O show está marcado para este sábado, dia 18, com ingressos à venda a partir de R$ 60, meia entrada. Há também a possibilidade de comprar o ticket solidário por R$ 70, levando um quilo de alimento não perecível, que o Brasuca doa para instituições da região.
Dono dos hits que explodiram “Ela me Faz” e “Envolvidão”, Rael nasceu na Zona Sul de São Paulo e tem sua história confundida com a da cultura hip hop e a do rap nacional. Se o break foi o que despertou o interesse dele pela arte, foi o Racionais MC’s que chamou a sua atenção para a música e, aos onze anos de idade foi despertado para questões sobre o racismo existente na sociedade.
Foto de divulgação do álbum Capim Cidreira (Crédito: Bruno Trindade)
Há dois anos, Rael se uniu à cantora Céu e RDD no single “Passiflora”, um convite para uma reflexão urgente sobre saúde mental, autocuidado e emergência climática, tornando cada vez mais efetivo o seu discurso a respeito do meio ambiente e do autocuidado.
O artista que já tocou com IZA, Elza Soares, Caetano Veloso, Seu Jorge, entre outros e já fez shows até na Oceania, começou cedo, arriscando alguns covers e rimas, mas foi a partir de 2000, quando criou o coletivo Pentágono – ao lado de Apolo, Massao, Dodiman, Paulo Msário e DJ Kiko – que a sua caminhada começou a se configurar de maneira mais sólida. Ali, inclusive, já ficava evidente uma das suas principais características artísticas: um som pautado pelo rap e que vem acompanhado de nuances de outros estilos. “Eu sempre misturei o rap com outros gêneros, nunca quis me aprisionar a nomenclaturas pré-estabelecidas pelo mercado”, explica.
Ainda ganhando espaço no Brasil, mas já nos holofotes do cenário internacional, o afrofusion tem sido a principal fonte de pesquisa e de inspiração de Rael. Trata-se da produção musical contemporânea sendo feita nos países do oeste do continente africano. “Acredito que é aí onde enxergo a minha música se encaixar com maior naturalidade”, pensa.
Jornada própria
Após dois discos e um EP com o Pentágono, Rael lançou seu primeiro trabalho-solo: MP3 – Música Popular do Terceiro Mundo (2010). Rael já participava de alguns shows de Emicida quando ele virou um artista do selo do rapper, a Laboratório Fantasma. O trabalho conjunto deu novas dimensões à sua carreira. O álbum Ainda Bem Que Eu Segui As Batidas Do Meu Coração (2012) deu um maior alcance ao artista. Foi com o EP Diversoficando (2014), contudo, que ele explodiu de forma nacional. Parte do sucesso se deu pelo single “Envolvidão”, cujo videoclipe soma mais de 100 milhões de views. Ali, ficou evidente também o talento dele para criar músicas para além de um nicho, com veia bastante popular. Rodou pelas principais casas de show do país, tocou nos mais relevantes festivais, fez shows nos Estados Unidos, no Canadá, na Europa, na Oceania e ainda dividiu o palco com artistas do calibre de Caetano Veloso, Elza Soares, Seu Jorge e Jair Rodrigues.
Em 2016 lançou Coisas do Meu Imaginário. Com produção de Daniel Ganjaman e participação de Black Alien, Chico César, entre outros, o trabalho rendeu a Rael uma indicação ao Grammy Latino na categoria melhor álbum de música urbana, concorrendo com nomes de toda a América Latina. A outra indicação que teve no Grammy Latino foi com a música “A Chapa É Quente”, do projeto Língua Franca (2017), parceria em que ele, Emicida e os rappers portugueses Capicua e Valete celebram a língua comum entre os dois países. Em 2017, Rael ganhou o Prêmio da Música Brasileira na categoria “Melhor Cantor de Pop/Rock/Reggae/Hip Hop/Funk”.
Após o lançamento de um disco ao vivo e uma turnê com músicas de Vinicius de Moraes, além do programa de YouTube “Rael Convida”, Rael colocou na rua, no segundo semestre de 2019, o seu terceiro disco de estúdio. Intitulado Capim Cidreira, o álbum de pegada pop é responsável por amplificar – mais uma vez – as mensagens do artista; e reforça a facilidade com que ele transita entre o rap e o pop. Prova disso, para além do repertório, são as participações especiais, no caso a do trio good vibes Melim e a do cantor e compositor Thiaguinho. A parceria com Thiaguinho, inclusive, não é de hoje. Ele começou a cantar “Envolvidão” em suas apresentações e também convidou Rael para participar da faixa “Miopia Ocular”.
Ao longo de toda essa caminhada, é possível afirmar que a afinidade de Rael com o violão foi a responsável por diferenciá-lo dos seus companheiros do rap, lhe rendendo não apenas singularidade, mas também destacando-o como um dos nomes mais versáteis da sua geração. Em 2020, ele lançou um EP acústico em que se dedica – pela primeira vez – ao formato tão celebrado pelos seus fãs e pela audiência brasileira. Trata-se do EP Capim-Cidreira (Infusão), foi feito com o objetivo de se tornar um instrumento de ajuda a superar os desafios impostos pela pandemia do novo coronavírus. Além de apresentar músicas do seu repertório com novas texturas, ele incluiu a faixa inédita “Rei do Luau”, uma parceria com IZA. A estreia deste trabalho foi marcada por uma ação game Avakin Life, no qual Rael ganhou um avatar e o próprio luau.
Serviço: Show Rael
Quando: 18 de março, sábado, a partir das 22h.
Ingressos no link: https://brasucabar.com.br/rael-dj-buiu-18-03-22/
O Brasuca Multicultural fica na Avenida Santa Isabel, 800, Barão Geraldo, Campinas/SP.