Início Destaques Sem material, Hospital de Paulínia improvisa com cabo de vassoura

Sem material, Hospital de Paulínia improvisa com cabo de vassoura

 

A cada dia, uma nova reclamação sobre a precariedade do Hospital Municipal de Paulínia

Os familiares da monitora da Apae, Eliana Galieta, estão perplexos com o atendimento recebido por ela no Hospital Municipal de Paulínia (HMP). Eles reclamam que, além da falta do material necessário para imobilizar uma fratura, o médico que fez os primeiros atendimentos não foi o mesmo que realizou a cirurgia.

Depois de sofrer um acidente de moto, Eliana foi socorrida e encaminhada ao Pronto Socorro do HMP. De acordo com o irmão da paciente, o auxiliar de enfermagem José Reinaldo Galieta, o primeiro atendimento foi realizado pelo médico de plantão, Dr. Roger, que solicitou uma tração esquelética (uma espécie de imobilização que utiliza pesos, ferros e pinos, para esticar e alinhar os ossos), mas o material utilizado para esse tratamento não estava completo. “Eles colocaram um pedaço de pau, um cabo de vassoura para fazer a tração, quando todo e qualquer material usado deveria ser esterilizado. Nós tiramos fotos porque não dá para acreditar numa situação dessas”, afirmou o auxiliar. De acordo com ele, o médico ainda alertou que seria necessária uma cirurgia, que havia sido marcada para uma semana após a entrada de Eliana no hospital.

“A cirurgia não aconteceu na data. Tentei entrar em contato com o médico para saber o motivo do cancelamento, mas não consegui, só tinha contato com a enfermeira, que também não passava informação nenhuma. Então falei com a assistente social Célia, que, vendo o prontuário, me explicou o que aconteceu”.

De acordo com o relato do irmão da paciente, a assistente social explicou que quando é marcada uma cirurgia de grande complexidade, com próteses de alto custo, como foi a da Eliana, o médico responsável faz a solicitação do material que será utilizado diretamente com a empresa fornecedora, e que esse pedido veio errado, justificando o cancelamento da operação. “O resultado disso foi ela ficar mais tempo ainda com aquele pedaço de pau no braço e começar a apresentar retenção de urina, sintomas que ela não tinha. Tentei novamente falar com o Dr. Roger e nada”, revela Galieta.

No dia 22 de novembro finalmente foi realizada a cirurgia, porém com novos médicos. “Foram outros médicos que fizeram, o Dr. Shima e a Dra. Jenifer, que não acompanharam o caso desde o começo, e a equipe médica me informou que a cirurgia foi feita com o material que já estava lá mesmo, então, porque um médico quis fazer e o outro não? O Dr Roger acompanhou desde o começou e não quis aquele material, será que ele achou inadequado ou de qualidade inferior ao que ele havia pedido? Qual a conduta utilizada pelo médico que fez a cirurgia? São todas essas perguntas que eles não respondem e que nós, familiares, temos o direito de saber”, questionou.

José Reinaldo disse ainda que no dia seguinte a cirurgia, sua irmã já havia recebido alta. “Outra barbaridade, porque como você libera uma pessoa que passou horas na mesa de cirurgia já no dia seguinte? Ela não estava bem para ir embora. Ela teve desmaio, ela saiu do hospital com dificuldade de respiração e tudo isso foi falado para equipe médica e eles falaram que era normal”.

No mesmo dia em que Eliana voltou para casa, por volta das 23h15, ela novamente deu entrada no setor de emergência do HMP com suspeita de tromboembolismo e um terceiro profissional atendeu a monitora. “Dessa vez foi a Dra. Gabriela. Ela pediu tomografia, exame de urina I e outros, mas não acusou nada. Mesmo assim, ela apresentava febre e precisou ficar em observação na emergência com cateter de oxigênio”.

Depois de insistir em ter informações e orientações para o problema da irmã, o auxiliar de enfermagem conseguiu falar com o médico responsável pela cirurgia, Dr. Shima, que, segundo ele, desconhecia o estado de Eliana. “Ele nem sabia que ela voltou pro hospital, muito menos que estava na emergência”.

Segundo Galieta, a família está perplexa com a situação. “Uma cidade como Paulínia, deixar a saúde municipal chegar a esse ponto, chega a ser ridículo. Temos dados de que a saúde gasta R$ 2.312,00 anualmente por habitante do município. Então, pra onde está indo esse dinheiro?”, finaliza.

A equipe de reportagem do Jornal Tribuna tentou entrar em contato com a direção do Hospital Municipal de Paulínia, mas até o fechamento desta edição, ninguém retornou às ligações.

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