Início Policial Sindicalista é agredido e ameaçado de morte após denunciar crimes

Sindicalista é agredido e ameaçado de morte após denunciar crimes

O sindicalista e vice-presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Transportes Rodoviários de Campinas, Izael Soares de Almeida, registrou um B.O. (Boletim de Ocorrência) por agressão após a confusão que ocorreu na assembleia em frente à sede da entidade na manhã desta quarta-feira (29).
Izael acusa dois membros da mesa diretora – o tesoureiro Gabriel de Sousa e o secretário – geral Jeremias dos Santos – de o agredirem durante a assembleia com tapas e um soco no rosto, por volta de 9h30. Ele fez exame de corpo de delito no IML (Instituto Médico Legal) e registrou o B.O. no 1º DP (Distrito Policial).
Ambos – além do presidente do sindicato, Matusalém de Lima – foram denunciados por Izael por crimes de furto qualificado, organização criminosa e lavagem de dinheiro. Por causa da denúncia, uma investigação está sendo feita por policiais da DIG (Delegacia de Investigação geral). Os três sindicalistas estão afastados do cargo. O jurídico do sindicato está tomando providências para que Izael assuma a presidência.

Mandados de busca
Na segunda-feira (27), policiais cumpriram mandados de busca e apreensão na sede do sindicato, o mesmo local da assembleia.
“Fomos surpreendidos quando chegamos com mais de 100 seguranças armados, para impedir nossa entrada. A assembleia era para afastar os três e eleger uma comissão de trabalhadores. Eles bloquearam a rua, quebraram nosso carro de som e me deram uma pancada forte na cabeça. Um deles faz artes marciais. Bateu forte, mas não conseguiu me derrubar”, contou Izael. Segundo o sindicalista, havia rojão sendo atirado contra pessoas que estavam na assembleia.
Procurados pela reportagem, Gabriel e Jeremias negaram as agressões e disseram que Izael terá que provar que foram eles que bateram no sindicalista. Jeremias disse ainda que entrará com ação por calúnia contra Izael. Já Gabriel afirmou que “nem próximo dele” estava.

Ameaça de Morte

Além da suposta agressão, Izael e advogada Kátia Gomide (que também atuava para o sindicato) registraram BOs por ameaças de mortes feitas verbalmente na segunda-feira pela diretoria denunciada. De acordo com o documento, a advogada ouviu que “se não calasse a boca iria virar pó”.

Já Izael teria ouvido que “só entraria (no sindicato) se fosse passar por cima dele e que se insistisse ele iria lhe dar uma cabeçada”. O boletim de ocorrência foi registrado no 1º DP (Distrito Policial) de Campinas.

Entenda o caso
No dia 05 de abril, o vice-presidente do sindicato realizou uma assembleia no pátio da Sancetur, em Paulínia, para tratar de assuntos pertinentes a uma possível paralisação.
Durante a reunião, o dono da Sancetur, Marcos Chedid, chegou visivelmente irritado, proferiu palavras de ameaça aos funcionários e agrediu fisicamente o dirigente. “Se vocês não trabalharem, nós vamos perder o contrato com a prefeitura e vocês ficarão sem emprego”, gritou Chedid.
O empresário teve que ser contido por guardas municipais. “Lamentável a postura desse cidadão. Não estávamos fazendo uma paralisação, era apenas uma assembleia. Ele já chegou alterado e partiu para cima de mim. Agradeço muito à Guarda Municipal pela destreza com que conduziu a situação”, disse Almeida. Toda movimentação foi filmada por pessoas que estavam no local.
Logo após a agressão sofrida no pátio da Sancetur em Paulínia, Izael Almeida fez um Boletim do Ocorrência contra Marcos Chedid. No mesmo dia, a subsede do sindicato em Paulínia foi invadida na calada da noite, teve portas e cadeados arrombados e bens materiais subtraídos, inclusive carteiras profissionais e fichas de associados.

Direito dos trabalhadores
Izael tem enfrentado uma batalha para garantir o direito dos trabalhadores da categoria. Com forte atuação em Paulínia, o sindicalista reivindica justiça aos trabalhadores que, segundo ele, têm sido prejudicados pelas empresas Sancetur e Passaredo, que prestam serviço no município, e a SOU, empresa que mantém operações de transporte urbano em Indaiatuba, Valinhos, Americana e Atibaia. A Sancetur, que faz o transporte escolar em Paulínia, Rio Claro, Indaiatuba e Americana, e a SOU são de propriedade do empresário Marcos Antonio Abi Chedid, que no início do mês agrediu fisicamente o vice-presidente do sindicato e o ameaçou de morte.
Segundo Almeida, a Sancetur e a SOU não pagam FGTS e INSS dos funcionários há mais de dois anos. Além dessa cobrança, os trabalhadores decidiram, em assembleia, a manutenção das negociações de interesse da categoria, bem como o fim das perseguições por parte do dono da empresa, que obriga os funcionários a aceitarem que outro grupo de sindicalistas de Campinas negocie em Paulínia.
De acordo com ele, o medo dos trabalhadores é perder direitos adquiridos bem como é visível o conluio desses dirigentes com o empresário que, juntos, tiraram vários direitos em Valinhos e Indaiatuba, além de descontos de taxas abusivas dos seus salários.
Denúncia no MP
O sindicalista também já havia feito uma denúncia no Ministério Público do Trabalho contra a Sancetur por conta do desconto sindical efetuado na folha de pagamento dos trabalhadores no valor de R$ 90,00, de forma ilegal.
Almeida relatou ainda que o MP já recebeu diversas denúncias contra a Sancetur por conta de atraso nos pagamentos e vales, não entrega do vale-refeição na data correta, além de rebaixamento do piso salarial da categoria, a não entrega de uniformes e carros sem identificação correta e com manutenção precária no transporte escolar, além de utilizar número de ônibus inferior aos estipulados em contratos pelas Prefeituras desses municípios” A falta de manutenção adequada nos ônibus coloca em risco iminente os alunos transportados”, denuncia o sindicalista.