Impossível não aproveitarmos nossa primeira coluna após as eleições para fazer algumas reflexões sobre o primeiro turno. Obviamente não pretendo ter a razão absoluta, ainda mais em se tratando de um contexto que, além de extremamente polarizado, está envolto em profundas paixões. Cenários assim são muito delicados e toda vírgula mal colocada acaba virando pretexto para que curtíssimos pavios sejam acesos e barris de pólvora de ódio e ataques sejam explodidos aos quatro ventos. Mas é importante refletir, pois desta reflexão depende nossa ação. E as consequências dela. Bônus e ônus são o sobrenome daquele botão verde chamado “confirma”.
Primeira reflexão: as famosas pesquisas. Pesquisas são importantes e, teoricamente, existe toda uma ciência por trás. Os estatísticos, assim como quaisquer outros profissionais, merecem todo nosso respeito e admiração. Entretanto, quando nos deparamos com situações como a que vimos, com números tão discrepantes, nossa reflexão não deve ser se pesquisas funcionam ou não, mas se o universo pesquisado realmente reflete um eco assertivo da sociedade. Vejam, por exemplo, a dificuldade que o IBGE está tendo para efetuar o censo em muitas cidades. O órgão chegou a anunciar um evento nacional para estimular a população a responder ao censo deste ano. E mesmo com respostas, será que os pesquisadores têm o necessário preparo para verificar a autenticidade das mesmas? É a famosa frase “o papel aceita tudo.”.
Segunda reflexão: quanta divisão, quanto preconceito e quanta xenofobia, minha gente. O vale-tudo eleitoral deste ano já de longe ganhou o troféu de mais bizarro, grotesco e repugnante. E minha crítica é para todos os lados! Respeito, pessoal. Como queremos mudar nosso país e melhorar nossa nação se já começamos com coices e patadas? O que começa errado nunca acaba certo!
Terceira e última reflexão: a mais triste de todas. Não sei se foi a impressão que vocês tiveram, mas a sensação que tive é que muitos não sabiam em quem votar. O ambiente de ataques marginalizou a apresentação de propostas. E é isso que precisamos neste momento: propostas! Pois aquele botão verde, mais cedo ou mais tarde, cobrará o preço.