Recomeça o jogo. O final do ano foi marcado por fortes emoções. Tivemos desde a volta dos que não foram até a ida dos que não vieram. Finalizamos a jornada de 2022 com um Brasil extremamente dividido onde atos não seguiram falas. Na prática, a teoria foi outra. Por um lado, houve um despertar. Despertar que hoje, órfão, busca lideranças. Por outro, temos de novo mais do mesmo que jura não ser o mesmo, mas acaba já fazendo a mesmice. O país parece ter mergulhado em um túnel do tempo e voltado para algum episódio lá no século passado da Porta dos Desesperados. A brincadeira televisiva consistia em escolher uma das portas e encontrar o prêmio. Na maioria das vezes, monstros, bruxas e afins eram o que surgiam. Na nossa realidade, a verdade é que ninguém ganhou. Todos perdemos. Já disse anteriormente nestas linhas: os extremos de uma mesma reta são irmãos que se cutucam. Resta-nos seguir em frente e enfrentar os novos velhos desafios que não somem em subidas de rampas, não evaporam ao som de palanques e muito menos desaparecem em 72 horas. Somente o trabalho sério traz resultados.
Foi notícia no primeiro dia do ano: “O mercado de trabalho brasileiro carrega uma estatística perversa. Entre as pessoas ocupadas com ensino superior completo, 5,4 milhões não conseguem exercer um trabalho na área de formação e que exija alta qualificação, mostra um levantamento da consultoria IDados. Na prática, o elevado contingente dos chamados sobre-educados – equivalente à população da Noruega – mostra que o Brasil desperdiça recursos aplicados no ensino superior e, sobretudo, boa parte do seu capital humano.”. Essa é a realidade trazida por O Estado de São Paulo. Dois dias depois, um editorial do mesmo jornal acrescentou mais uma dose de tragédia na mistura: “Fala alto o fato de que há menos gente disposta a participar de processos seletivos para ingresso no ensino superior. Como noticiou o Estadão, não foi apenas o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) que registrou queda de inscritos em relação à última década: os vestibulares da Universidade de São Paulo (USP), da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e da Universidade Estadual Paulista (Unesp), referências para o País inteiro, também têm atraído menos candidatos.”
2023 é o ano do foco! Foco no que realmente precisa ser feito. É fundamental repensarmos como estamos formando nossos jovens e os preparando para o mercado de trabalho. É preciso repensar o mercado de trabalho como um todo. É preciso investir cada vez mais em capacitação e criação de novas oportunidades. É preciso fazer com que, pelo menos uma vez, teoria e prática caminhem juntas.
