Vereador prestará “queixa-crime” contra autor das acusações
Em outubro de 2015, a Polícia Civil de Paulínia prendeu três pessoas acusadas de estelionato. Segundo as investigações, elas teriam lesado várias pessoas com um esquema de venda ilegal de terrenos no luxuoso condomínio Sunset Boulevard, no Jardim Ipê, de casas do Módulo 3 do Residencial Pazetti, no bairro Saltinho, e em um empreendimento habitacional da Construtora Rossi. À época, o delegado de Paulínia era Marcos Evangelista, que comandou a maior parte das investigações do caso.
A primeira acusada ouvida por Evangelista foi Edneia Ignácio, que à época tinha 33 anos e, segundo a polícia, chefiava a quadrilha. Em depoimento, a mulher, que no ano dos fatos morava no bairro Matão, em Sumaré, confessou sua participação no golpe e delatou Jackson Oliveira e Anderson Ferraz, seus supostos comparsas.
Durante as investigações, o nome do vereador Tiguila Paes (PPS) foi citado indiretamente por algumas supostas vítimas, a polícia apurou as informações, ouviu Edneia novamente e concluiu que o parlamentar não teve nada a ver com o caso. “O vereador Tiguila não vendeu nenhuma casa e Edneia disse em depoimento que nunca teve contato com ele”, afirmou à imprensa, o delegado Evangelista. Os dois irmãos do vereador, também foram citados no caso, mas também não foi provado nada contra eles.
O atual delegado de Paulínia, Rodrigo Luis Galazzo, que segue à frente do inquérito, afirmou nesta sexta-feira (16) que o vereador Tiguila Paes (PPS) não foi indiciado e nem acusado de nada. A pedido do Ministério Público (MP) o inquérito corre em segredo de justiça e diligências complementares ainda estão sendo realizadas.
Denúncia na Câmara
Nesta quarta-feira (15), a Câmara Municipal de Paulínia recebeu uma denúncia com pedido de Comissão Processante para investigar a suposta participação do vereador Tiguila Paes (PPS) no caso, apesar de a polícia já ter concluído que ele não participou de nada no esquema.
O autor da denúncia, Jurandir Francisco Carneiro, de 50 anos, morador no bairro Presidente Médici, se apresenta como uma das vítimas do golpe e faz graves e sérias acusações contra o parlamentar e familiares dele. Carneiro afirma ter sido lesado em mais de R$ 20 mil reais, pagos, segundo ele, para algumas pessoas, em parcelas de R$ 500,00.
O denunciante não citou os nomes das pessoas que, supostamente, teriam recebido dinheiro dele, como pagamento referente à compra de uma casa no Módulo 3 do Residencial Pazetti.
Módulo 3
Em setembro de 2014, o então prefeito de Paulínia Edson Moura Junior (PMDB) aprovou na Câmara Municipal o “Programa Especial Prioritário de Habitação” (Lei nº 3394/2014), específico para a comercialização das 198 unidades habitacionais do Módulo 3 do Residencial Pazetti.
De acordo com a lei, o programa priorizou famílias com renda mensal entre R$ 724,00 e R$ 3.620,00, correspondentes a 1 e 5 salários mínimos da época, que adquiriram os imóveis em condições especiais: sem entrada, em 120 (cento e vinte) meses e financiadas diretamente pela Prefeitura Municipal. O programa foi amplamente divulgado pela imprensa local.
O sorteio das casas do Módulo 3 do Pazetti ocorreu no dia 15 de novembro de 2014, no extinto “Acampamento Menezes” , no bairro Saltinho, e teve desdobramentos inesperados. Pessoas que não foram sorteadas invadiram casas no Módulo 3, as famílias que residiam no “Menezes” tiveram suas casas derrubadas e queimadas pela Prefeitura, entre outros fatos que marcaram a história da habitação municipal.
Na denúncia contra o vereador Tiguila Paes (PPS), Jurandir Francisco Carneiro, morador na cidade há mais de 40 anos, lamenta que não teve “sorte de ganhar” uma das casas do Módulo 3 do Pazetti e, por isso, acabou “iludido” pelos golpistas, segundo ele, “organizados” pelo parlamentar.
Vereador prestará “queixa-crime” contra o autor das acusações
“Meus advogados já estão preparando a peça e ele terá que provar tudo o que disse”, afirma Tiguila
Indignado com as acusações contra ele, na denúncia de Jurandir Francisco Carneiro protocolada na Câmara Municipal, o vereador Tiguila Paes (PPS) informou ao jornal Tribuna que, já na próxima semana, entrará com uma queixa-crime contra o denunciante, pedindo que ele prove tudo o que ele declarou.
“Ele terá que provar na Justiça tudo o que disse, contra mim e minha família. Meus advogados já estão elaborando a peça para ser protocolada semana que vem. Não se atinge uma família inteira da forma criminosa, leviana e repugnante como ele está atingindo a minha. Ainda mais que este cidadão nos conhece, porque frequentava o bar do meu saudoso pai Hilário Paes. Além de criminosa, a atitude dele é muito covarde”, afirmou o vereador. Não conseguimos contato com Jurandir Francisco Carneiro, para ele comentar o assunto.