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Du Cazellato ignora a sabatina do Conselho Municipal de Saúde

Candidato tucano foi o único dos oito que disputam a cadeira de prefeito a não comparecer ao evento de perguntas e apresentação de propostas de governo para a área da Saúde

O Conselho Municipal de Saúde realizou esta semana uma sabatina com os candidatos a prefeito de Paulínia, na Câmara Municipal. O evento contou com oito dos nove candidatos às eleições suplementares, marcadas para o dia 1º se de setembro. Du Cazellato (PSDB) não compareceu ao evento, mas seu espaço ficou reservado na mesa do plenário.
Os prefeituráveis responderam a perguntas pré-elaboradas pelos conselheiros sobre vários temas relacionados a área da Saúde por meio de sorteios. Na primeira e na segunda rodada da sabatina, eles tiveram que falar sobre o sistema básico de saúde, internação compulsória, revisão de contratos e a gestão do Hospital Municipal de Paulínia. Quando o nome de Du Cazellato era sorteado na sabatina e citado pelo mediador Antônio Castro, o público respondia com vaias e criticas pela ausência.
Na última parte da sabatina, todos foram questionados sobre a situação da frota de veículos da Saúde, a atual cesta de medicamentos, terceirização de funcionários e os planos para os servidores públicos.
Os candidatos deram opiniões diferentes sobre a frota de veículos da área da Saúde. O capitão Cambuí (PSL) disse que é a favor de buscar recursos do Governo Federal para renovar a frota. Custódio (PT), Nani Moura (MDB), Angela Duarte (PRTB) disseram ser a favor aquisição de ambulância com recursos municipais. Loira (DC) se colocou a favor da terceirização da frota. Coronel Furtado (PSC)disse que não há como definir entre locação e aquisição sem analisar os atuais contratos. Tuta Bosco (PPS) disse que vai rever todos os contratos vigentes, locar novas ambulâncias mediante preço justo e também buscar recursos junto aos governos do Estado e Federal e a iniciativa privada para comprar novos veículos.
A conselheira Iria Onira Silva encerrou a sabatina perguntando para os candidatos sobre a terceirização e os planos para a previdência dos servidores da saúde e fez um pedido “Não entreguem a vida da população na vida de recém-formados”. Os candidatos divergiram sobre a terceirização e condenaram a corrupção na Pauliprev. Tuta Bosco foi aplaudido ao falar que vai auditar e achar os culpados pelos desvios de dinheiro. “Vamos atrás de quem roubou vocês”, disse.
A ausência de Du Cazellato
No evento, o mediador Antonio Castro falou sobre a falta de Du Cazellato na sabatina. “Lamentamos a ausência do candidato porque entendemos que esse é um evento público e prezamos pela transparência e publicidade das ideias”, disse.

O Jornal Tribuna entrevistou com exclusividade o mediador
Antonio Castro sobre a sabatina da Conselho da Saúde

Jornal: Castro, como surgiu à ideia dessa sabatina, já que pelas características não foi um debate?
Antonio Castro: A ideia surgiu quando percebemos que a atuação do Conselho sempre foi algo indiscreto junto às administrações, apesar de, em alguns momentos, individualmente, alguns conselheiros atuarem de modo pontual em alguns casos, mas sem de fato, promover uma discussão mais ampla sobre os rumos da saúde no município. A partir dessa percepção, resolvemos promover esse evento, que considero um aporte importante à democracia e um benefício a toda população, que agora tem mais informação sobre o que pensa cada candidato a respeito da saúde e o que pretendem fazer com ela, caso seja algum deles eleito. Ressalto que suas promessas estão gravadas e que daqui há um ano, aproximadamente, teremos uma outra eleição.

Jornal: Como foi a preparação dessa sabatina?
Antonio Castro: Bem, isso não foi muito fácil. Tivemos poucas pessoas a nos ajudar. Como o evento era algo isento, procuramos não depender em nada da administração, que apesar disso, mandou uma equipe de 3 pessoas para ajudarem na organização do evento.
Quero pontuar, que achei muito deselegante e desconstrutivo, assessores do candidato Du Cazellato afrontarem conselheiros na rua, pra fazer zombaria e desdenhar do evento antes mesmo que esse tivesse acontecido. É justo dizer que, não sei se esses assessores fizeram isso por conta própria, ou se tinham alguma orientação, ou influência do candidato. De todo modo, a ausência do candidato na sabatina, denota, que há entre eles, concordância no sentido de se esquivar do debate público, sobre suas propostas políticas para a cidade, sobretudo para à saúde.
Jornal: No seu ponto de vista de conselheiro de saúde que acompanha essa questão na cidade, o que você achou das propostas dos candidatos?
Antonio Castro: Acho que são superficiais e fora de contexto do que preconiza a ampla política de saúde do SUS, OMS e outros órgãos de referência da saúde. Algo que me chamou atenção, foi a ausência de um pensamento ou discurso, que relacionasse a saúde pública com a educação, que a meu ver, é hoje uma conjunção fundamental para o sucesso das políticas públicas nessas áreas.
Acho que essa necessidade é percebida, no instante em que a saúde e a educação se entrelaçam, necessariamente, nesse processo civilizatório do cuidado com à vida. Ainda com os olhos fitos nessa ideia, estive com uma diretora de escola, com a qual, particularmente, já iniciei as primeiras conversas, onde tentaremos desenvolver um trabalho de aproximação entre a secretaria de educação e da saúde, afinal, como sugere o SUS, o cuidado com à saúde começa em casa e desde muito cedo na vida. Não sabemos qual seja os possíveis entraves que possam haver, mas creio que seja possível aprimorar esse pensamento.

Jornal: Como você vê a ausência de Du Cazellato nessa sabatina?
Antonio Castro: Vejo como uma atitude falha. Mas como diria Chico Buarque “Apesar de ‘você’, amanhã há de ser outro dia”
Quando pensamos que a razão desse evento é trazer aos eleitores, maiores informações sobre cada candidato e o que eles pretendem para a cidade, quando algum desses candidatos falta e traz uma justificativa simplória, indica falta de compromisso com a transparência e com eventuais eleitores.
Acho enfim, que o candidato perdeu a chance de promover um pouco mais a democracia, a transparência das ideias e a publicidade do que pensa, num ambiente público, diverso, imparcial e fora das reuniões feitas em ambientes controlado por eles e seus assessores. A ausência do candidato e algo a se lamentar.

Jornal: Quais os problemas que você aponta com mais urgente a se resolver na saúde de Paulínia?

Antonio Castro: Acho que o problema da saúde em Paulínia é estrutural, sem que esses problemas não se resolvam, todas as ações periféricas e menores, serão ineficazes. Não sei se os gestores anteriores perceberam essa anomalia, se perceberam, preferiram continuar com o assistencialismo pontual a amigos, adiantando uma consulta para o amigo, para o cabo eleitoral, para um parente, ou para os amigos dos amigos, que possivelmente, tentando garantir com isso seus votos na próxima eleição. Essa é uma prática recorrente na política local e que se caracteriza como uma violação aos princípios da moralidade e da imparcialidade.
Como disse, a saúde tem problemas estruturais, dentre eles, destaca-se também a questão da hierarquia, de modo que cada setor é uma ilha, que não conversa com as outras que se formam a partir dali e dentro do próprio setor às vezes.
A impossibilidade de nomear cargos de chefia de vários níveis atualmente, é também um grande entrave na gestão da saúde e de outros setores, nesses últimos dois anos.

Jornal: Qual a sua sugestão futura para à saúde da cidade?
Antonio Castro: Minha sugestão é a participação popular, é a maneira mais eficaz, transparente e segura de se alcançar melhorias concretas e definitivas na saúde, é necessário que nós, como cidadãos, cuidemos do que é nosso, não será com auditoria, com ações persecutórias, com medidas revanchista que se encontrará soluções para os problemas existentes na saúde da cidade, acho inclusive, que os pensamentos e discursos nesse sentido, denotam ausência de interesse e de capacidade em gerir e promover à saúde como o bem precioso da sociedade.
Infelizmente, ainda não existe difundida e aceita por todos, a ideia de que precisamos estabelecer uma relação entre povo e governo, de modo, que seja um governo a serviço do povo e não um povo a serviço de um governo.
Nesse contexto, vejo a urgente necessidade de se resgatar a consciência do voto, da sua importância e das suas consequências, na medida que ele é de fato, uma procuração, que dá ao portador, ou seja, ao agente público eleito pelo por esse mesmo voto, o poder de decidir sobre à vida e o futuro desse eleitor.

Jornal: Qual mensagem você deixaria aos eleitores de Paulínia para essa eleição?
Antonio Castro: Desejo que seja uma eleição onde as pessoas possam refletir e avaliar seu candidato, que pensem na importância e nas consequências do voto, que pensem e defendam a sua cidade como faz com sua casa e que não deixem a velha matilha faminta e voraz, se apossar da nossa “pobres ovelhas”.

CANDIDATOS QUE CAUSARAM POLÊMICA

NANI MOURA
Durante a sabatina, Nani Moura se mostrou nervosa e muito irritada com a plateia. Por diversas vezes, chamou a atenção de pessoas que acompanhavam a sabatina. Quando respondia a uma questão sobre os planos para o tratamento de pessoas com doenças raras, ela se mostrou incomodada com comentários do público, reclamou para o mediador e pediu para voltar o tempo para poder continuar a resposta. A candidata aproveitou para olhar instruções no celular e retomou a fala.

LOIRA
O prefeito interino Loira protagonizou uma cena inusitada na sabatina. Ele se ofendeu com uma fala do Capitão Cambui sobre não fazer parte “da antiga corja de políticas que quer dominar o orçamento da nossa cidade”. Loira saiu aos gritos dizendo “Eu vou embora disso aqui”. Mesmo não sendo citado pelo candidato, o mediador deu direito de resposta e ele retornou para a sabatina. Loira pediu desculpas, mas Cambuí repondeu “Não citei seu nome. Não posso ser ofendido. Se a carapuça serviu, o que eu posso fazer”.

CONSELHO DE SAÚDE JÁ REJEITOU CONTAS DE LOIRA E DU CAZELLATO

Em julho, o Conselho Municipal de Saúde rejeitou por 8 votos contrários, 3 abstenções 5 favoráveis as contas de Du Cazellato – que ficou 75 dias como prefeito interino de Paulínia- e do atual interino, Antônio Miguel Ferrari, o Loira.
Segundo o conselheiro Ronaldo Souza, diversos apontamentos conflitantes foram passados pela municipalidade e divulgados pelo Portal da Transparência, tais como questionamentos de atraso de apresentação.
“Fui firme na demonstração de dados de pagamentos completamente diferente do que o divulgado no portal de transparência. Todos os dados estão disponíveis e são documentos públicos em formato PDF e no site do portal da transparência”, afirmou o conselheiro

CANDIDATURA DE DU CAZELLATO CONTINUA “SUB JUDICE”, DE ACORDO COM O ADVOGADO

O advogado de um dos filiados do partido PSDB entrou com recurso na justiça após a juíza eleitoral Marta Brandão Pistelli julgar ilegal a intervenção da Executiva Estadual no Diretório Municipal do PSDB. Ele alegou que a magistrada não notificou todos os envolvidos no processo. “A sentença foi emitida sem que houvesse a intimação dos requeridos para apresentarem defesa”, afirmou Arthur Freire. A ação foi protocolada na sexta-feira, dia 16, no Cartório Eleitoral. O advogado enviou ao Jornal Tribuna uma declaração, afirmando que a candidatura de Du Cazellato continua “sub judice”.

“É importante ressaltar que, mesmo sentenciada, essa Ação Declaratória apresenta graves vícios que não foram enfrentados pelo digno Juízo Eleitoral de Paulínia, um deles é a falta de publicação do edital da “convenção” realizada em no dia 26 de julho tão somente pelo Du Cazellato e seus “amigos”.

Já os demais tucanos (que não são “amigos” do Du Cazellato), como eles não possuem poderes mediúnicos, não foi possível a participação deles em tal “convenção”, pela falta de publicação do mencionado edital.

Com relação a questão da intervenção do PSDB Estadual no PSDB Municipal, além da Ação Declaratória que é objeto, também, do Mandado de Segurança nº 0601375-91.2019.6.26.00 que está em andamento no Tribunal Regional Eleitoral do Estado de São Paulo.

O referido Mandado de Segurança, frise-se, ainda não foi julgado pelo plenário do Tribunal Regional Eleitoral do Estado de São Paulo.

Portanto, é claro como a luz solar que a chapa Du Cazellato / Sargento Camargo está em risco (“sub judice”), podendo ser dissolvida a qualquer momento. Isso é incontroverso!”

Entenda o caso

O candidato do PSDB, Du Cazellato, marcou a convenção do PSDB sem o aval do Diretório Estadual, que interviu e nomeou uma comissão. A justificativa era a de que resolução interna do PSDB obriga que, em municípios com mais de 100 mil habitantes, os pré-candidatos devem ter os nomes submetidos ao Diretório Estadual. Cazellato, porém, foi à Justiça e conseguiu liminar para realizar a convenção que o referendou como candidato. A comissão interventora do PSDB protocolou recurso. A juíza eleitoral julgou a intervenção ilegal, porém a sentença não extingue o processo, que segue após o recurso protocolado nesta sexta-feira, dia 16, e deve ser analisado nos próximos dias.