Início Denúncia Educação está sucateada e passa pela maior crise da história da cidade

Educação está sucateada e passa pela maior crise da história da cidade

A Creche Felipe Macedo é a unidade que mais sofre com falta de infraestrutura: 85 pais pediram transferência

Educação de Paulínia em caos: pais exigem infraestrutura adequada  

“Esse prédio é novo e já aconteceu de tudo nessa creche, desde desabamento até gambá dando cria no fogão”, disse mãe de aluno da Creche Felipe Macedo

Não é de hoje que as unidades escolares de Paulínia são destaque na mídia regional, mas segundo a auxiliar administrativo J.B., a situação atual chegou ao limite. Ela prefere ser identificada apenas pelas iniciais porque tem medo que seu filho seja maltratado na escola em que está matriculado.
Segundo J, que tem um filho de 10 anos matriculado na Emef Flora Aparecida Toledo Lima, a merenda escolar não agrada os alunos. “Meu filho sempre reclama que precisa tomar água depois da refeição que é servida porque não tem suco, nem leite. Às vezes eles distribuem uma caixinha de suco azedo para as crianças, que se você olhar no lixo da escola, as caixinhas estão quase cheias, porque eles não tomam, é horrível”, conta J.
Ela revela também que uma das monitoras da escola disse para um grupo de alunos no qual seu filho estava que as crianças que não contribuíam mensalmente com o envelope da APM não jogaria ping pong porque o material para o jogo era comprado com essa renda. “É inacreditável que dentro de uma escola municipal, sendo a cidade rica como é, a direção precise constranger os alunos dessa forma para conseguir dinheiro”.
Os problemas na área de educação em Paulínia giram principalmente em torno da infraestrutura, o que mais preocupa os pais. Na Emef Nelson Aranha, no Bom Retiro, inaugurada no ano passado, os dias de chuva são preocupantes. “É perceptível que foi feito às pressas. Quando chove, o pátio da escola fica dividido, porque bem no meio tem uma abertura por onde entra água da chuva. Daí encharca tudo e as monitoras não sabem se secam o lugar ou cuidam das crianças para que elas não se molhem, ou seja, quando tem chuva, ninguém sai da sala de aula”, disse Maria de Fátima Oliveira, que tem uma sobrinha matriculada nesta escola. “E ainda tem mais, além do envelope da APM, a escola vive pedindo dinheiro extra para comprar alguma coisa. Mês passado pediram R$ 10,00”, acrescenta.
No início do mês de março, os pais de crianças matriculadas na também recém-inaugurada Creche Municipal Felipe Macedo de Barros, no Jardim América, organizaram uma lista com 85 pedidos de transferência para outras unidades por causa dos problemas de infraestrutura, sujeira e falta de funcionários. O atendimento para as 114 crianças, entre três meses e 4 anos, foi suspenso dias depois que um temporal destruiu o telhado. Além disso, eles reclamam da invasão de animais e também de insetos. A unidade fica próxima de uma área de conservação.
O publicitário Adenir Mendes Fonseca afirma que as crianças estão expostas a lagartos e gambás que entram na área de convivência por conta de uma mata próxima da creche.

“O que a gente precisa é um lugar adequado para deixar nossos filhos. Esse prédio é novo e já aconteceu de tudo nessa creche, desde desabamento até gambá dando cria no fogão. Como podemos confiar que nossos filhos vão ficar bem num ambiente desses? Isso precisa mudar urgentemente. A educação de Paulínia hoje é de péssima qualidade”, reforça Claudia R., que tem uma filha que frequenta a Creche Felipe.
A pedido dos pais, o Jornal Tribuna reuniu algumas reportagens que já foram notícia na região, confira:

 

As crianças da creche Alto dos Pinheiros sofreram com a demora para resolver o problema de vazamento de esgoto

Diretora coage mães com a realidade das creches de Paulínia

Duas mães procuraram a equipe de reportagem do Jornal Tribuna para relatar queixas contra a direção da Creche Júlio Perini III (Chácara Sônia), no bairro Morumbi. De acordo com elas, a diretora Tânia Lopes Pereira Delmonde às coagiu para que não aceitassem as vagas na creche, fornecida através de Mandato Judicial. Elas foram pressionadas com argumentos apelativos como falta de higienização e até risco de vida. De acordo com uma das mães, a diretora a tratou de maneira ríspida e um de seus primeiros questionamentos foi os valores gastos por ela na ação judicial que determinou a vaga naquela creche. “Ela me perguntou de maneira hostil quanto eu paguei no Mandato Judicial e disse que se eu deixasse meu filho lá, ele iria para casa com assaduras e doente, porque naquela creche não havia higienização e eles estavam com surto de estomatite e virose”.

 

Pais pedem transferência de creche por falha de infraestrutura

Das 114 crianças matriculadas na Creche Felipe Macedo de Barros, 85 possuem pedidos de transferência para outras unidades escolares de Paulínia. O problema, segundo os pais, é a falta de infraestrutura, sujeira ao redor do prédio e falta de funcionários. A creche teve que interromper o atendimento depois que uma forte chuva destruiu o telhado. A assistente jurídica Pamagrei Ferreira precisou pagar para uma pessoa cuidar da filha nos dias em que o atendimento foi suspenso e acrescentou: “é uma creche muito grande e não tem funcionários suficientes para cuidar de tanta criança. A minha filha já chegou suja e com fome da escola”, afirma.

 

Sem merenda completa, alunos da Emef Flora tomam água depois das refeições

Prefeitura não renova aluguel e crianças desocupam creches

As crianças matriculadas em três creches municipais foram transferidas de suas unidades escolares. De acordo com informações dos pais, a direção de uma das creches informou que a Prefeitura de Paulínia estaria em atraso com o pagamento dos aluguéis dos prédios que não pertencem à municipalidade e por isso, as crianças foram obrigadas a desocupar os locais, complicando a rotina dos pais, que agora precisarão buscar meios de levar os filhos às unidades escolares, já que nem todas foram transferidas para locais próximos de suas residências.

 

Chuva revela perigos de creches entregues às pressas

O período de chuvas é realmente preocupante para pais que possuem seus filhos matriculados em escolas públicas de Paulínia. Na nova creche Felipe Macedo de Barros, a unidade que mais sofre pela falta da infraestrutura, um temporal destelhou parte do teto, causou infiltração e o forro da unidade cedeu. Algumas salas foram invadidas pela água da chuva.
A auxiliar de serviços gerais D.A.S, que tem uma filha matriculada na Creche Cooperlotes disse que a situação na unidade escolar não é diferente. “Tem sala interditada por causa da chuva. A creche é linda, limpinha, mas parece que é descartável, porque mal começou a funcionar, a gente já percebe que tem um monte de problema”, ressalta. As duas unidades, além da Emef Bom Retiro, foram inauguradas pouco antes das eleições de 2012.

 

Crianças dividem espaço com esgoto na Creche Palma Argentin

As crianças da Creche Palma Argentin, localizada no bairro Alto dos Pinheiros, ficaram mais de 15 dias convivendo com um vazamento de esgoto que escorreu na área interna ao lado dos brinquedos. A reportagem do Jornal Tribuna esteve na creche a grave situação. Conforme as fotos tiradas no local, o esgoto escorria desde o muro do fundo da creche até a calçada em frente da instituição e no trajeto dessa água suja e com mal cheiro a direção colocou faixas de segurança demarcando o trajeto para que os pais e responsáveis não pisem no esgoto.