Quem conhece Paulínia, uma das cidades mais prósperas do Brasil, não se surpreende ao ver, num país em desenvolvimento, o cenário de um município que sabe conjugar perfeitamente o crescimento com o respeito ao cidadão.
O Jornal Tribuna destaca a história do maior polo petroquímico e também cinematográfico do país: a atitude do visionário José Lozano de Araújo, que, através de sua luta e persistência, conseguiu a emancipação da então Vila José Paulino, abrindo as portas para o progresso.
Com a construção da Replan, a partir de 1972, Paulínia teve seu desenvolvimento acelerado que se encaixou de forma harmoniosa aos esforços de um perfeito planejamento para o município que acabara de praticamente triplicar o número de habitantes: novos comércios, ampliação do sistema de iluminação, melhoria no saneamento básico e saúde, crescimento urbano, abertura de rodovias, desenvolvimento industrial, automóveis, museu, estradas, negócios, igrejas e parques.
Comemorando 50 anos de emancipação político-administrativa, vamos voltar no tempo e relembrar, com orgulho, a história dessa jovem cidade que, não fosse o potencial e visão futurista de seus governantes, não teria se tornado o que é: uma cidade de oportunidades que têm destaque em âmbito nacional, não só pelo seu respeitado polo petroquímico, mas também pelo importante polo cinematográfico, que hoje, é o propulsor de diversas produções importantes para o cinema nacional.
A cada dia nossa cidade ganha mais destaque e atrai novos investimentos e isso faz com que Paulínia não seja apenas mais uma cidade no interior do estado de São Paulo.
51 anos: De Vila José Paulino à município de Paulínia
Uma história de desenvolvimento e industrialização
São 51 anos de desenvolvimento constante. Assim é Paulínia, uma das cidades de maior arrecadação do país e onde está instalado o maior polo petroquímico da América Latina e ser referência cultural por abrigar um importante polo cinematográfico. Mas nem sempre foi assim: até 1964 a cidade era Distrito de Campinas.
Pode-se dizer que, em 1942, a vinda da primeira grande indústria, a Rhodia Indústrias Químicas e Têxteis, para a então Vila José Paulino Nogueira, foi o primeiro grande marco do desenvolvimento. As terras dessa região começaram a ficar populares e muitos imigrantes vieram para cá.
Dois anos mais tarde, em 30 de novembro de 1944, através do Decreto 14.334, a Vila José Paulino Nogueira tornou-se Distrito de Campinas, passando então a se chamar Paulínia, mas o processo para que Paulínia se tornasse um município não foi fácil. Foi através de José Lozano Araújo, um ex-funcionário aposentado da Assembleia Legislativa do Estado, que veio morar aqui, em 1956, que os moradores locais começaram a se manifestar sobre o assunto.
No mesmo ano de sua vinda, o ex-legislador fundou a Associação ‘Amigos de Paulínia’, entidade que, através de seus integrantes Hélio José Malavazzi, Geraldo Ballone, Adelelmo Piva Júnior e Fausto Pietrobom, faziam visitas casa-a-casa, explicando a importância de transformar Paulínia em município. Com a “ideia de independência”, os agricultores que moravam aqui ficaram com medo das mudanças que a emancipação poderia trazer, como aumento de impostos, por exemplo.
Mas ele não desistiu. Apoiado pelo grupo que tinha formado, ele insistiu e, através de seus contatos como ex-legislador, conseguiu o apoio da então deputada Estadual, Conceição da Costa Neves e passou a fazer reuniões frequentes em defesa da emancipação.
Em 6 de novembro de 1963 foi realizado o primeiro plebiscito para discutir sobre a causa, o que proporcionou uma autonomia política para o Distrito de Paulínia. Naquela época, Paulínia tinha 5.627 habitantes e 80% deles moravam na zona rural. Apenas mil pessoas compareceram na votação e, destes, 94% votou a favor da emancipação.
Mas foi só em 28 de fevereiro de 1964, coincidentemente data de aniversário de José Lozano, que o Diário Oficial do Estado de São Paulo publicou a Lei 8092, que criava o município de Paulínia.
Sendo município, Paulínia precisava de governantes. Então, em 7 de março de 1965, aconteceram as primeiras eleições, tendo José Lozano como candidato único a prefeito e seu vice, Luis Vansan.
Petrobras
Um ano mais tarde e à frente da prefeitura de Paulínia, Lozano teve conhecimento, através do Governo Federal, de que a Petrobrás iria construir uma refinaria de petróleo em uma cidade do interior do Estado. Não foram poucas as cidades interessadas. Paulínia, Bauru, Sorocaba, São José dos Campos e muitas outras, fizeram projetos da instalação e entregaram ao Governo.
Dentre as cidades que demonstraram interesse, Paulínia levava vantagem. A área topográfica, os rios, a proximidade com Campinas e com a Capital facilitaram na hora da escolha.
Livros que ressaltam a história da cidade contam que Lozano já sabia que Paulínia tinha sido escolhida. Através de seus contatos do Governo Federal, ele ficou sabendo da escolha antes de ser anunciado oficialmente, mas havia recebido ordens expressas da diretoria da Petrobrás para que guardasse segredo.
Na certeza de que Paulínia havia sido escolhida, como prefeito, Lozano começou a investir em infraestrutura. Construiu a Avenida José Lozano de Araújo, que dá acesso à Rodovia Anhanguera e também a Estrada da Rhodia (Rodovia Roberto Moreira), tudo para facilitar o acesso à cidade, além de comprar 375 hectares de terra da Rhodia para doar à Petrobrás.
No dia 9 de fevereiro de 1968, finalmente foi revelada a escolha: o general Arthur Duarte Candal Fonseca anunciou pelo rádio que seria em Paulínia a construção da Replan (Refinaria do Planalto), da Petrobrás.
As obras da construção da Replan foram iniciadas em 28 de fevereiro de 1969, nos últimos dias de mandato do prefeito José Lozano, e em 12 de maio de 1972 ela foi finalmente inaugurada. A cerimônia contou com a presença do presidente da República, o general Emílio Garrastazu Médici, dois dos futuros presidentes do país, Ernesto Geisel, na época presidente da Petrobrás e João Baptista Figueiredo, o então chefe do Gabinete Militar da Presidência da República, além de autoridades municipais da época.
De lá para cá muitas mudanças aconteceram e transformaram Paulínia em uma cidade próspera, aberta ao progresso. Em setembro de 1996, Paulínia foi incluída no Núcleo das Serras e recebeu da Embratur (Empresa Brasileira de Turismo) e do Governo Federal o selo de município de potencial turístico.
Hoje, com uma população estimada em 92 mil pessoas, Paulínia se firmou no cenário nacional e internacional como um dos maiores polos petroquímicos do Brasil, além de ganhar destaque por abrigar um Polo Cinematográfico de grande expressão à nível nacional.
CURIOSIDADES
Com a vinda da Replan para o município, a cidade atraiu muitas pessoas que vinham de toda parte do país em busca de empregos e melhores condições de vida, os chamados “forasteiros”. Nessa época, década de 70, o número de habitantes triplicou: passou dos quase 6.900 para mais de 28.600.
A Replan foi construída exatamente em mil dias e começou a funcionar três meses antes da data prevista. A construção chegou a envolver seis mil homens com jornada diária de 15 horas.
Nos primeiros anos de sua inauguração, a Refinaria produzia diariamente 120 mil barris de petróleo. Atualmente, esse número subiu para quase 400 mil. Além da matéria prima, a Replan produz também diesel, gasolina, GLP, nafta, querosene, coque, asfalto e aguarrás.
No local do terreno doado à Petrobrás havia uma plantação de cana que pertencia à antiga proprietária Rhodia. Toda a cana foi doada a Igreja Católica, que vendeu e conseguiu fundos para a construção da Igreja Matriz Sagrado Coração de Jesus.
Hino de Paulínia
Letra: João Gurgel Júnior
Música: Fausto Massaíni
Este nosso torrão tão bonito
Onde o sol brilha em céu cor de anil
Foi plantado no solo bendito
Que Anchieta ofertou ao Brasil
É a nossa Paulínia que avança
E que cresce risonha e feliz
Nossa mata é de um verde esperança
Nossas flores de um raro matiz
A riqueza que hoje se expande
É o fruto de um grande labor
Do colono, do escravo, do imigrante
Que nos deram seu trabalho com valor
De São Paulo o Progresso forjando
Paulinenses de berço e adoção
Com amor, nosso orgulho provando
Ajoelhemos, beijando este chão
Forasteiro que aqui comparece
E se alista na nossa legião
Jubilosa a cidade agradece
Porque é mais que um amigo, um irmão
Ajoelhemos, beijando este chão
Paulínia, uma das principais economias do Brasil,
mantém em seu povo, os registros de sua história
A industrialização gerou recursos milionários, mudou cenários e realidades, mas a memória de muitos continua guardando o que existe de melhor na história de Paulínia: o valor de sua gente
Com orçamento público estimado em mais de R$ 1,5 bilhão para o ano de 2016, Paulínia alcança os 51 anos de sua emancipação político-administrativa com a naturalidade de harmonizar o porte de pequena cidade com a importância de ser uma das principais economias do Brasil.
Com cerca de 95 mil habitantes – 95.221 de acordo com a estimativa do Censo do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) de 2014 e quase 100 mil de acordo com estimativas municipais – Paulínia tem o quinto maior PIB (Produto Interno Bruto) do Estado de São Paulo, chegando a mais de R$ 112 mil por habitante anualmente, segundo dados da instituição em 2012, o que a coloca também na posição de segunda maior riqueza da região.
Toda a arrecadação financeira, advinda principalmente dos impostos gerados pela refinaria da Petrobras em Paulínia, a Replan (Refinaria do Planalto), e do polo petroquímico instalado em seu entorno, deixa a cidade entre as 50 mais ricas do País, contribuindo para que o PIB da RMC chegasse aos R$ 80 bilhões em 2011, valor que representa 2,60% do PIB nacional e 7,67% do Estado de São Paulo. Os dados são da última atualização do IBGE de 2011.
No conjunto das 20 cidades que compõem a RMC junto com Paulínia, cinco estão entre as 100 que mais produzem riquezas no Brasil, sendo Campinas em 11ª posição, Paulínia em 45ª, Sumaré em 64ª, Americana em 72ª, Indaiatuba em 90ª e Jaguariúna em 95ª.
As belezas além das novas estruturas
Nos últimos anos, Paulínia ganhou um charme a mais com construções como o Theatro Municipal, o Paço Municipal, a criação de espaços para construção de cenários – como a cidade para a produção do filme que foi sucesso de bilheteria nacional, Menino da Porteira -, além de todo o planejamento viário que deu novo horizonte aos espaços urbanos no entorno do Parque Brasil 500, onde está o Sambódromo.
No entanto, atrativos como passeios pelo parque Zeca Malavazzi, pelo Jardim Botânico ou então pela pracinha nos finais de semana, servem de refúgio para encontrar a tranquilidade inerente desta pequena notável chamada Paulínia.
No Zeca Malavazzi, ao lado do portal Futurista, o parque oferece infraestrutura completa, incluindo quiosques com água encanada e churrasqueira, banheiros e mesas.
No Jardim Botânico Adelelmo Piva Júnior, do outro lado da entrada da cidade pelo portal Futurista, há uma área de 86 mil metros quadrados disposta com objetivo principal de preservar espécies de plantas nativas e exóticas aclimatadas no Brasil. A preservação provém da permanência de um arvoredo com cerca de 1,2 mil espécies de onde são colhidas sementes enviadas ao Viveiro Municipal para produção de mudas. Neste local, são atendidos estudantes para pesquisas na área de botânica e de preservação do meio ambiente. Além disso, o Botânico tem uma coleção de plantas aromáticas, condimentares e reputadas medicinais, as quais são servidas à população em geral conforme suas necessidades. Outra atividade é a reprodução de plantas ornamentais de ciclo anual e que servem para abastecer e enfeitar as praças do município.
Entre as outras atrações turísticas, estão a primeira Biblioteca Virtual do País, a Praça Paul Parcy Harrys com o maior símbolo do Rotary Club da América Latina, o Fontanário de água mineral gratuita ‘Cidade Feliz’, o Velório Municipal de característica ecumênica, que além de uma cúpula em vitral mostrando uma imagem singela do paraíso, tem um aquário ambientando o local. O visual mantém seu padrão com a decoração de trinta vitrais instalados ao longo do muro do Cemitério, contando passagens da vida de Jesus desde a Anunciação até a Ressurreição.