Em entrevista ao Jornal Tribuna, vereador disse que as denúncias teriam que, ao menos, serem investigadas, mas a maioria dos vereadores se recusou a desenvolver o papel de fiscalizador
Um dos únicos vereadores que votaram a favor do acolhimento das denúncias de possível superfaturamento da merenda escolar, Tiguila Paes (PPS), disse estar perplexo com o comportamento dos demais vereadores e resumiu a situação com uma palavra: omissão.
Em entrevista ao Jornal Tribuna, Tiguila disse que é função dos vereadores averiguar toda e qualquer tipo de denúncia que chega até Câmara. Na opinião dele, os vereadores são eleitos para desenvolver seu papel fiscalizador, porém, neste caso, a maioria se absteve das responsabilidades.
Confira a entrevista com o vereador Tiguila Paes:
Em sua opinião, a Câmara tinha base para receber as denúncias?
As representações traziam dados e documentos que exigiam, no mínimo, uma investigação responsável e cuidadosa sobre as contratações emergenciais questionadas. Como disse na sessão, seria uma grande oportunidade para prefeito e secretários, envolvidos nas denúncias, esclarecerem todos os fatos e nós, vereadores, darmos uma resposta à sociedade sobre as suspeitas levantadas de mau uso do dinheiro público.
Então, mais uma vez, a Câmara perdeu a chance de cumprir com o seu papel?
Um dos deveres que formam o amplo e importante papel do Poder Legislativo é, justamente, apurar supostas infrações cometidas por vereadores ou prefeitos, no exercício de seus mandatos. Neste caso, a maioria dos colegas vereadores entendeu que as denúncias não mereciam ser recebidas e muito menos investigadas pela Casa. Paciência. Cada um que arque com o ônus ou bônus do voto.
Na visão de algumas pessoas, quem tem que investigar prefeito é o Ministério Público. O que acha disso?
Vejo como um equívoco grosseiro, pois, se investigar não fosse também um de seus papéis, a Câmara não poderia, por seu Regimento Interno, instalar Comissões Processantes ou Especiais de Inquérito. Fugir de uma responsabilidade que também é nossa é assumir não ter coragem de enfrentar o sistema e cobrar dele mais ética e zelo com as coisas públicas.