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Prefeitura ignora pedido de ajuda de famílias despejadas

Sem emprego e sem ter para onde ir, eles tentaram ocupar um imóvel da prefeitura no Parque da Represa, mas a Guarda Municipal foi acionada e impediu a invasão

Famílias despejadas acampam em frente à Prefeitura

“O Jurandir Matos só nos enrolou. Disse que daria um jeito na situação só para a gente sair da frente da Prefeitura porque a imprensa estava chegando. Ele só quis se livrar logo do problema”, disse Rosileide

Duas famílias passaram a madrugada desta terça-feira, (26), acampadas em frente a Prefeitura de Paulínia. De acordo com os relatos, elas chegaram ao local por volta das 3h e escolheram o órgão municipal como forma de protesto, já que vários pedidos de ajuda foram feitos no local, mas todos sem resposta. A situação da família de Rosileide Pereira Santos Silva é crítica. Desempregada, com um filho preso e outros cinco com idades que variam de 1 à 15 anos, ela, que mora há 13 anos na cidade, recebeu da imobiliária uma ação de despejo da casa onde mora, no Bom Retiro. Pela falta de emprego, ela não consegue pagar o aluguel de R$ 700,00 a três meses. O mesmo ocorre com a família de Rosangela Inacio Nascimento, que tem dois filhos pequenos.

Sem opção e obrigadas a desocupar as casas, elas contaram com a ajuda de uma amiga que transportou os móveis e artigos pessoais até um imóvel desocupado da Prefeitura de Paulínia no Parque da Represa, mas ao notarem a movimentação, os vizinhos acionaram a Guarda Municipal, que impediu a invasão.
“Não temos para onde ir e eu estou desempregada. Meu último emprego foi na campanha eleitoral. Passamos a noite aqui, a céu aberto sem nenhum copo d’água, sem poder ir no banheiro, com criança com fome. O que fizemos foi um ato de desespero, um pedido de socorro. O Pavan e a Lucila já sabiam do nosso caso porque eu já conversei diretamente com eles, mas eles ignoraram nossa situação”, disse Rosileide.
Ela ainda relatou que tem medo de sofrer punições pelo ato de desespero. “Eu recebo ajuda da Prefeitura, tenho a cesta básica e o PAS. Se eles acham que devem cortar isso da gente como forma de vingança, então que cortem. Esses benefícios me ajudam bastante, mas não mudam minha situação”, ressalta.
Por volta das 10h30, o assessor de Assuntos Especiais, Jurandir Matos, conversou com as famílias e disse que tentariam uma solução. “Agora elas serão reencaminhadas à casa delas, lá no Bom Retiro, o caminhão da Corpus vai levar as coisas de volta e às 14h elas voltarão pra cá para tentarmos achar uma solução satisfatória para essas famílias”.
De acordo com Rosileide, as famílias retornaram à Prefeitura no horário combinado, mas só foram atendidos às 16h45. “Uma assistente social chamada Inês nos atendeu e disse que a única coisa que poderiam fazer é marcar uma entrevista lá na Corpus para tentar me encaixar em algum emprego e ainda deixou bem claro que não tinha nada garantido, era só uma conversa. Não resolveu em nada minha situação, porque mesmo que eu consiga o emprego, eu trabalho primeiro para depois receber o salário. E enquanto isso eu vou morar aonde? Na verdade o Jurandir só falou aquilo para tirar a gente da frente da Prefeitura porque a imprensa estava chegando, porque ele nos enrolou e não resolveu nada. Na verdade ele só queria se livrar do problema”, conta.
Agora, de acordo com as duas famílias, elas pretendem fazer uma nova manifestação, mas ainda não decidiram a data e o local. “Se uma cidade como Paulínia, rica, que serve de modelo em vista das outras da região, não puder ajudar pessoas na situação que a gente está, então eu não sei para que serve uma Secretaria de Ação Social”.