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Traição tira Siméia Zanon da presidência

O novo presidente foi cumprimentado pelos demais vereadores. Na foto, com o atual presidente da Câmara de Paulínia, Marquinho Fiorella

Texto: Vera Leão

A nova Mesa Diretora da Câmara de vereadores de Paulínia foi eleita nesta quarta-feira, dia 15, com nove votos a favor e um contra, e Marquinhos da Bola (PTB) é agora o mais novo presidente da Casa. O voto contrário partiu do vereador petista Custódio Campos, por discordar da forma como o processo foi conduzido pela base governista. Num clima marcado por denúncias e acusações entre os vereadores, sobrou até para o prefeito José Pavan Junior (DEM) que foi acusado de não ter comando político na cidade. Depois da retirada da chapa nº 2, liderada pela vereadora Simeia Zanon (PSDC), que não pôde ser inscrita, pois os vereadores Gustavo Yatecola Bonfim (PSDC) e Amarildo Rodrigues (DEM) retiram seus nomes, foi eleita a chapa nº 1. A composição retirada tinha como presidente: Siméia Zanon; vice-presidente, Antonio Miguel Ferrari; primeiro secretário, Amarildo Rodrigues e segundo secretário, Gustavo Yatecola Bonfim e ainda o apoio dos vereadores, Adilson Domingos Censi (DEM) e Francisco Almeida Bonavita Barros (PMDB).

Siméia lamentou a traição do alto da Tribuna Livre: “Não esperava ser traída por aqueles que assumiram um compromisso de gente que se dizia companheiro. Lamento a atitude mesquinha, mas a história julgará cada um. Quero registrar na história de Paulínia que infelizmente tem vereador que, a palavra dada, não tem valor”. Siméia continuou acusando os vereadores que não honram a própria assinatura, segundo ela, os mesmos que ela já apoiou.

Mas o desabafo que garantiu a atenção de todos no plenário foi o do vereador Palito que também queria ser presidente da Casa. “Se hoje estivesse o combinado, e eu tenho provas, se fosse cumprido, eu seria o presidente hoje”, declarou ele e contou ainda como surgiu a idéia da chapa nº 2. “Prestem bem atenção como começou toda a história desse grupo de cinco, que sou eu, Amarildo, Siméia, Loira e doutor Gustavo. Os 7% concedidos foi através dessa chapa”, declarou se referindo aos 7% de transposição de créditos aprovados pela Câmara em 2009 no “Programa Financeiro para o exercício 2010”, com ajuste de cálculos feitos pela atual administração.

Palito contou que na quinta-feira, dia 2, recebeu uma ligação da Siméia para comparecer em sua casa e quando chegou viu os outros. “Lá estava Loira e Amarildo de cabeça baixa e quando abaixamos a cabeça é porque temos culpa”, acusou. Segundo Censi, na segunda-feira, assinaram a composição, a Siméia primeiro, depois o Amarildo, o Yatecola aceitou como segundo secretário e ele e o vereador Bonavita como apoio, mas se arrependeu e voltou atrás. “Eu falei, não estou feliz com isso, não vou fazer nada contra minha vontade, não é isso que eu quero, não foi esse o combinado, eu me sinto traído e eu falei muito com o doutor Gustavo é nós estamos nos retirando e não vamos mais fazer parte da chapa”.

Palito, também acusou este jornal, que circulou uma edição extra na quarta-feira, dia 15, de divulgar mentiras. “Esse jornal que saiu para vocês verem, mentira, procurem saber quem é o dono do jornal, procurem saber quem está por trás desse jornal, aí vocês vão saber a resposta de tudo. Então eu queria deixar bem claro, a pura verdade, se esse jornal colocou alguma coisa é porque foi pago. É a coisa mais fácil, eu pago e saio. Tem que haver respeito e ver os dois lados da moeda. É simplesmente isso”, apontou o vereador.

O vereador “Loira”, Antonio Miguel Ferrari, não gostou do posicionamento de Palito e atacou. “Fui criado por um excelente homem em Paulínia, Antonio Ferrari, ele sempre falou para mim: meu filho não precisa de papel assinado, quanto mais assinar e voltar para trás, aí fica difícil, né? Ninguém aqui é criança, ninguém colocou o revolver na cabeça de ninguém”, moralizou.

Já o vereador Yatecola mostrou mais uma versão para a saída dos dois.  “Uma coisa não foi dita pelo Pailto, nós tivemos a informação de que haveria uma pessoa por trás da nossa amiga, da nossa colega companheira, e são pessoas que não são do meu agrado, pessoas que não são da minha ideologia, não são do meu feitio. Estou consciente, com a cabeça tranqüila, sem peso na consciência. Na segunda-feira, quando fomos até lá, nós retiramos o nosso nome da chapa”.

A chapa vencedora tem como presidente, o Marcos Bola (Marcos Roberto de Bernardes); vice-presidente: Adilson Domingos Censi; primeiro secretário: Gustavo Yatecola Bonfim e como segundo secretário: Marcos Bolonhesi.

 Bonavita acusa Pavan de falta de liderança política
O vereador Bonavita, com toda sua experiência e incertezas sobre quem apoiar, concluiu que “a Casa mais uma vez perdeu, ficando exposta, de uma maneira extremamente lamentável” e disse que gostaria muito de estar discutindo a questão sucessória do vereador Marquinhos Fiorela, de uma maneira totalmente diferente. Também disse que os episódios do momento “só aconteceram por falta de comando político na cidade como um todo e por falta de prestígio político também”, se referindo ao prefeito Pavan. Depois falou sobre a trama para compor a chapa nº 2 e lamentou não ser o presidente da Câmara por causa da deslealdade do prefeito. “Existia um compromisso firmado entre o atual prefeito e o ex-prefeito, selado, no dia 31 de dezembro de 2008”, lembrou Bonavita e seguiu: “Um compromisso, um desejo de eu continuar como presidente da Câmara e pedi esse aval a eles. Bonavita disse ainda que o tempo passou e ele perdeu a esperança de conseguir um contato com o prefeito para cobrar suas promessa. “Eu fiquei dezoito meses, sem falar politicamente com o atual prefeito, que com certeza ajudei a eleger com minha lealdade e sinceridade. Com a atitude dele, nesses dezoito meses, isso era impossível de ser cumprido, eu pedi a ele, isso, que simplesmente fosse leal e sincero”, ressaltou e voltou a lamentar. “Há uns dez ou quinze dias, vi que isso não seria cumprido e portanto eu ia então falar com ele, avisei meus funcionários de gabinete, eu já estava fora do processo, eu ia dizer que ia baixar o meu voto para o Marquinhos da Bola, mas nem isso eu pude fazer porque ele não me recebeu”.

Marquinho da Bola discursa tranquilo
Apesar da sessão transcorrer em clima de desavenças, o novo presidente, Marquinho da Bola, discursou tranquilamente. “Quero dizer da minha felicidade de contar com todos os companheiros, sozinho ninguém governa, hoje eu não me tornei presidente sozinho, sempre dependemos de alguém, principalmente de Deus”, disse ainda aos colegas que eles precisam ter paz para equilibrar as situações. “Muita coisa foi falada aqui, mexemos no passado, mas devemos seguir de forma mais harmônica possível”.

Bola também falou aos adversários: “Quero dizer para vereadora Siméia, agradecer de coração o seu apoio, foi nobre a sua atitude”.

E se dirigindo a quem não votou nele, disse: “Com certeza, o vereador Custodio vai continuar fazendo o seu trabalho da mesma maneira e contando com nosso trabalho também, mesmo não dando voto para a nossa chapa, é companheiro também e precisa da estrutura da casa, da mesma forma que todos nós, então Custódio, conte comigo no que for preciso”.

Marquinhos deve assumir a presidência em janeiro de 2011 e segue até 2012. Exercendo seu quarto mandato no Legislativo, atualmente é o vice-presidente do Legislativo, função que acumula de líder do prefeito na Casa, tem 42 anos e é professor de Educação Física.