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Wilson Machado é pré-candidato a prefeito

Wilson Machado avalia prejuízos das trocas de prefeitos e aponta soluções para a cidade

 

Machado teve sua filiação ao PMDB abonada pelo vice-presidente da República, Michel Temer
Machado teve sua filiação ao PMDB abonada pelo vice-presidente da República, Michel Temer

Pré-candidato a prefeito em 2016, empresário ressalta o que é prioridade

Atualmente, Paulínia passa por uma grave crise política e essa turbulência têm afetado diretamente a população. A constante troca de prefeitos tem sido a causa de cancelamentos de contratos, revogação de licitações, paralisação dos serviços públicos essenciais, entre outros fatos que prejudicam o desenvolvimento da cidade. Para falar sobre o cenário do município hoje e o que poderia ser melhorado, entrevistamos o empresário Wilson Machado, que tem ampla experiência em gestão, trazendo em seu currículo a presidência da Acip (Associação Comercial e Industrial de Paulínia) por dois anos e prorrogada por mais dois. O trabalho rendeu a Machado a medalha de honra do Centenário do 8º Batalhão de Polícia Militar do Interior. À época, representante do comércio local, o presidente da Acip foi agraciado entre 32 personalidades civis e militares e instituições da região, que, em razão de suas atividades, prestaram relevantes serviços ao Estado de São Paulo e população. À frente da Acip, Machado trouxe para o município parcerias importantes como CIEE (Centro de Integração Empresa-Escola), que integra os jovens ao mercado de trabalho através de estágios em grandes empresas, como a Petrobras, a Rhodia e a Braskem. Sua presidência também encabeçou um dos maiores festivais de prêmios da cidade, que em 2009 sorteou uma casa ecologicamente correta (com cisterna e aquecimento solar), toda mobiliada e com escritura no nome da ganhadora, no bairro Bom Retiro. Ainda como presidente da Acip, Wilson Machado desenvolveu o projeto do Cartão de Débito em parceria com a Prefeitura de Paulínia. No projeto, os funcionários públicos usariam o cartão somente nos estabelecimentos da cidade, fomentando o comércio local. Este projeto foi aprovado pelos vereadores na Câmara, mas foi revogado pelo atual prefeito, José Pavan Junior.

 

CONFIRA A ANÁLISE E POSICIONAMENTO POLÍTICO DE WILSON MACHADO NA ENTREVISTA A SEGUIR:

 

Jornal Tribuna: Sabemos que você tem uma ligação muito forte com o pai do ex-prefeito Edson Moura Junior. Você pretende dar continuidade ao “legado” de Edson Moura?

Wilson Machado: Conheci o Edson Moura há 20 anos. Vim de São Paulo e acabei montando meus negócios aqui porque a cidade oferecia uma qualidade de vida melhor para mim e meus filhos. Eu conheci o Edson através do programa de televisão que ele apresentava e eu trabalhava com produtos voltados à comunicação em mídia e acabamos fazendo negócios. Foi o que nos aproximou. Falando politicamente, não tenho nada contra as administrações passadas do Edson Moura pai, pelo contrário. As grandes obras que estão pela cidade foram ele quem fez, isso não dá para negar. Para mim, foi o melhor prefeito que Paulínia já teve e isso é inegável. Ele foi um excelente administrador e fez muito pela cidade de Paulínia, mas, para mim, uma das coisas mais marcantes de seu governo foi a distribuição de renda feita através do salário dos servidores. Tenho uma grande admiração por ele, mas, vou traçar o meu caminho. Quanto à seguir seu legado, penso que cada gestor tem suas ideias, ideias independentes. Como disse, ele foi um grande administrador, mas cada um age de uma maneira, de acordo com o que acha melhor para a cidade e isso não quer dizer que exista um conflito. Sei que as pessoas vão assimilar a minha imagem política a dele, mas, somos pessoas diferentes. As minhas ideias para a cidade vislumbram uma Paulínia que vive um outro momento, que requer ideias novas para beneficiar a população e fazer a cidade se reerguer.

 

Jornal Tribuna: Em sua vida profissional, você é empresário, foi presidente da Acip e também fez parte da administração passada. Como ex-secretário de Indústria e Comércio, como você avalia o governo de Edson Moura Junior?

Wilson Machado: Tem sido uma administração conturbada. Com tantos processos judiciais, ninguém consegue administrar, nem ele e nem o atual prefeito que está aí. Eu estive dentro de uma administração e pude ver de perto a insegurança que isso provoca. O governo de Moura Junior nem dá para ser avaliado. Ele herdou uma administração provisória, com muitos compromissos assumidos e que engessavam suas ações. Em um ano e meio, foi afastado do cargo algumas vezes e agora já tem outra pessoa ocupando seu lugar novamente. O reflexo dessa batalha judicial prejudica qualquer governante, porque fazer uma boa administração leva tempo. Eu não tenho dúvida de que se o Edson Moura Junior tivesse ocupado o cargo – que é seu de fato e de direito, pois foi eleito pelo povo democraticamente -, desde o início, a situação seria diferente hoje em Paulínia. Simplesmente não dá para chegar à uma conclusão, porque ele não está no governo e não conseguiu governar a cidade como queria. A avaliação que eu faço hoje é que a população de Paulínia está sofrendo muito por conta dessa alternância de poder. Todas as áreas estão precárias e o funcionário público está sem saber o que fazer porque não tem estrutura para trabalhar dignamente.

 

Como presidente da Acip, Wilson Machado mobilizou o comércio da cidade e fez um festival de prêmios, que além de centenas de brindes, sorteou e entregou para o consumidor paulinense, uma casa ecológicamente correta
Como presidente da Acip, Wilson Machado mobilizou o comércio da cidade e fez um festival de prêmios, que além de centenas de brindes, sorteou e entregou para o consumidor paulinense, uma casa ecológicamente correta

Jornal Tribuna: Agora vamos falar um pouco sobre os problemas reais da cidade, começando pelo tema Habitação. Sabemos que os últimos programas habitacionais de Paulínia ainda não supriram o déficit e a estimativa é que cerca de 4.500 famílias, de pessoas nascidas e criadas em Paulínia, não tenham casa própria e dependam de aluguel. Você tem alguma ideia para extinguir de vez esse índice?

Wilson Machado: Desde o tempo em que era presidente da Acip, eu sempre quis ter um diálogo com o governo, mas foi complicado na época. Eu tinha vários temas e ideias para sugerir e um deles era residencial. Eu tenho em minha mente que o déficit de moradias na cidade pode ser zerado em apenas um ano e meio através de um programa habitacional que seja, de fato, popular. Como se faz isso? Na minha ideia, o primeiro passo é a doação de terra, já documentada e com escritura, de 4.500 lotes de 160m². Mas aí vem a pergunta: Paulínia tem tanta terra assim? A resposta é sim. Está espalhada por várias localidades e é suficiente para a demanda. Além disso, a doação de terreno de propriedade do município para o cidadão é legal. A ideia é construir três polos, em diferentes regiões, para não centralizar tudo em um só lugar. O próximo passo é a realização de um convênio com a Caixa Econômica Federal ou com o Banco do Brasil ou outra instituição, para financiar a mão de obra e o material de construção, ficando de garantia o próprio terreno. Dessa forma, quem possui o nome com alguma restrição também poderia participar do programa e as prestações não passariam de R$ 450 mensais, cerca de 60% mais barato do que o valor do aluguel de uma casa pequena na cidade. Isso dá poder de compra para as famílias, gerando impostos e movimentando a economia. Doaria terrenos também para os comerciantes interessados em atuar nesses novos polos, como panificadoras, farmácias, barbeiros, entre outros, além da área médica, com clínicas de saúde e odontológicas, gerando empregos e oportunidades de expansão de negócios na cidade. Através de um projeto de lei, que deve ser aprovado pela Câmara, as empresas teriam o compromisso de construir uma UBS [Unidade Básica de Saúde] e uma creche em cada polo, ou até mais, dependendo da demanda, e como contrapartida teriam dedução fiscal – tanto as indústrias quanto as empreiteiras que construírem as casas -, ou seja, o valor do investimento na creche e na UBS seria abatido do ISSQN repassado ao município, baixando o custo da obra. Agora, dá para fazer isso em um ano e meio? Dá. Porque tudo isso que eu estou falando dispensa licitação e assim evitamos a morosidade de todo o processo. Na minha ideia, as casas precisam ser de acordo com a necessidade da família, com dois, três e quatro dormitórios. Os programas de habitação hoje em dia não têm isso. São dois ou três quartos para todo mundo, como se cada família obedecesse a esse padrão. Para uma família de quatro pessoas, está ótimo, mas e uma família grande? Isso eu posso dizer porque eu tenho a minha, com nove filhos. Uma família grande sente a necessidade se ter mais cômodos e isso vai ser definido pela quantidade de filhos do casal. A minha ideia é de que as casas, assim como a que sorteamos pela Acip no Festival de Prêmios em 2009, sejam ecologicamente corretas, com cisterna, aquecimento solar, mobiliadas e aptas para abrigar pessoas com necessidades especiais. As metragens seriam de 80, 100 e 120m². A Prefeitura entraria com a parte de infraestrutura dessas áreas, com obras de água, esgoto, iluminação, etc. E pra a Prefeitura, a doação desses terrenos retorna, de alguma forma, com os mais 4.500 IPTUs sendo pagos anualmente por essas novas unidades. Com a funcionalidade desse projeto, as famílias deixarão de pagar aluguel, consequentemente o valor de aluguel baixa, uma vez que cai a procura. Com isso, ficamos competitivos com as cidades da região, atraindo novas famílias interessadas na qualidade de vida oferecida pela cidade para ocupar os alugueis que antes eram pagos pelos próprios paulinenses. Isso cria um ciclo de movimentação econômica para a cidade.

 

Jornal Tribuna: Outro assunto que sempre gera preocupação é a creche e a falta de vagas. O que poderia ser feito a esse respeito?

Wilson Machado: Ainda hoje temos falta de vagas nas creches. As mães precisam entrar com pedido judicial para garantir a vaga dos filhos. Além disso, as professoras, monitoras e auxiliares estão sobrecarregadas, porque há muitos alunos em uma mesma turma. Isso chega a ser uma falta de respeito com os profissionais da área, com as crianças e com os pais que não conseguem se sentir seguros ao deixar seus filhos na creche sob essas condições. A minha ideia é terceirizar todas as creches, mas em moldes otimizados, levando as crianças para as escolas particulares já existentes no município, como Anglo, Adventista, Meu Colégio, Cosmos, entre outras, com potencial de educação mais qualificada. Custaria muito menos para o município e teríamos uma qualidade de ensino melhorada. Mas e os funcionários das creches municipais? Esse pessoal, de todas as áreas, seja da cozinha, da diretoria, da limpeza, serão agentes de fiscalização. Estarão trabalhando no mesmo local, mas fiscalizando o serviço que está sendo feito pela empresa contratada para administrar a unidade escolar.
Eles serão responsáveis por conferir se o combinado está sendo feito e com a qualidade que as crianças merecem. Dentro desse pacote, as escolas terceirizadas ficarão responsáveis pelos uniformes, alimentação, material didático e ainda terão que oferecer o transporte das crianças de ida e volta da  unidade. Isso trará uma grande economia para a cidade, porque hoje precisamos fazer licitação para alimentação, para uniforme, para material escolar. Dessa forma escapamos de todo processo burocrático que a Prefeitura é obrigada a realizar. Em Paulínia, tudo é mais caro. As empresas que participam de licitações já vêm com preços ajustados de acordo com a cidade e aqui isso ainda é pior. Se fosse terceirizado e cada criança custasse R$ 1 mil, ainda ficaria barato pelo transporte incluso, pela qualidade de ensino, uniformes e alimentação diária, com tudo. Claro que isso não resolveria todo o problema da educação de Paulínia porque existem ainda as Emeis, as escolas, mas o maior problema, que são as creches, seria solucionado.

 

 

Jornal Tribuna: E quanto aos jovens que procuram o primeiro emprego? Qual sua ideia?

Wilson Machado: Conseguimos trazer o CIEE [Centro de Integração Empresa-Escola] para Paulínia quando eu ainda era presidente da Acip. Desde então, as empresas contratam esses jovens como estagiários, dando oportunidade do primeiro emprego. A intenção também era fazer com que a Prefeitura voltasse com o projeto da Guardinha, que já ajudou tantos jovens, hoje adultos, da nossa cidade. A lei permite que as contratações de menores seja feita através de estágio, como já foi feito aqui, que hoje é feito em várias cidades da nossa região e do país. Esse projeto é um incentivo ao primeiro emprego, que forma cidadãos de bem, tirando esses adolescentes das ruas e oferecendo um aprendizado que pode mudar o futuro deles. Conheço ex-guardinhas que hoje são engenheiros, empresários, porque tiveram uma base para começar. Além disso, trabalhando, esse jovem, de 14 a 24 anos, ajuda nas despesas de casa e tem seu dinheiro para suprir suas necessidades. Sei que a Prefeitura, hoje, não consegue abraçar todos os jovens da cidade, mas faria também um projeto de parceria com os supermercados e empresas com compensação no ISSQN. Como secretário, eu conversei sobre essa questão com as empresas e já existe uma intenção comum de admitir a demanda de jovens da cidade.

 

Jornal Tribuna: Falamos do primeiro emprego, mas e o estudo? Como ficaria a situação da Bolsa de Estudo em Paulínia na sua opinião?

Wilson Machado: Temos que fazer gestão, porque o dinheiro da Secretaria de Educação é um bolo só dividido em todos os setores, desde a creche até os universitários. De onde eu tiraria dinheiro especificamente para complementar as Bolsas de Estudo? Do ISSQN arrecadado pelo pedágio. Essa arrecadação pode chegar à R$ 1,2 milhão anualmente e esse valor seria exclusivo dos bolsistas. A parte restante, aí sim seria repassado pela Secretaria, mas o estudante já teria uma confiança maior, uma garantia de que o dinheiro seria empregado no lugar certo, sem atrasos de pagamento. O primeiro passo é garantir o pagamento. Agora, sobre os estudantes, eles iriam trabalhar como estagiários, de acordo com a área que estudam, na Prefeitura de Paulínia ou em empresas com parceria de isenção fiscal, durante dois anos. Nesses período, com a bolsa e a remuneração do trabalho, o estudante tem ainda mais estímulo e melhores condições. Afinal, quem precisa de bolsa para estudar, também tem despesas e precisa suprir suas necessidades.

 

Wilson Machado, enquanto presidente da Acip, em reunião com lideranças locais e regionais na Câmara Municipal de Paulínia, defendendo o incentivo e o fortalecimento do comércio paulinense
Wilson Machado, enquanto presidente da Acip, em reunião com lideranças locais e regionais na Câmara Municipal de Paulínia, defendendo o incentivo e o fortalecimento do comércio paulinense

Jornal Tribuna: Para você, o que ainda pode ser feito pela segurança em nossa cidade e pelo profissional que atua nesta área?

Wilson Machado: Várias coisas. Voltando ao assunto da Habitação, vários profissionais que trabalham na área de segurança em Paulínia também dependem de aluguel. Sendo beneficiados com o programa de habitação que sugeri, cuidariam melhor desses polos através de Guaritas Policiais. Não só nos polos, mas em diversos pontos estratégicos da cidade voltaríamos com as guaritas, porque a população se sente mais segura se tiver policias fixos próximos de suas residências. Sabemos que é questão do Estado resolver, mas hoje a Prefeitura de Paulínia paga o aluguel da sede da Polícia Militar. Não podemos esperar que o Governo do Estado resolva essa situação. Eu prefiro tomar a frente e fazer. Eu doaria um terreno, tanto para a PM quanto para a Polícia Civil e isentaria empresas que se prepusessem a construir uma sede digna para esses profissionais, que precisam ser valorizados. Eles precisam de um seguro saúde, merecem cestas básicas mensais e isso também pode ser feito em parceria com as empresas privadas. Outra coisa que é dever do Estado, mas que nós podemos pleitear, é o aumento do Pró Labore da PM, da Civil e dos Bombeiros. Poderíamos implantar em Paulínia uma lei, que já vale na cidade de São Paulo sancionada pelo então prefeito Gilberto Kassab, a Lei Nº 14.977, de 11 de setembro de 2009, que dispõe “Art. 1º. Fica criada a Gratificação por Desempenho de Atividade Delegada, nos termos especificados nesta lei, a ser mensalmente paga aos integrantes da Polícia Militar e da Polícia Civil que exercem atividade municipal delegada ao Estado de São Paulo por força de convênio celebrado com o Município”. É um dinheiro extra para profissionais que fazem serviço por fora para o município em que atua. Quanto à Guarda Municipal, que é totalmente ativa e exerce o poder de polícia e são, de direito e de fato, em nosso município, o que é exemplo para as cidades da região, precisa de uma nova sede, porque a atual já não comporta as necessidades dos nossos profissionais. Eles precisam de mais espaço, com refeitório maior, com uma sala de jogos para que eles tenham sim momentos de lazer dentro da corporação. Temos que acabar com os aluguéis das viaturas e ter nossa própria frota, que trocaríamos a cada dois anos. Acho que outro benefício, que no caso é para a cidade toda, é o monitoramento por câmeras. Instalação desses equipamentos em pontos estratégicos, nos bairros, avenidas, saídas da cidade. Isso é muito importante para que a Guarda possa agir de maneira mais eficaz. Junto a isso, poderia ser montado uma equipe e inteligência da GM, com treinamento específico. Além disso, não só para os guarda municipais, mas para todos os funcionários públicos, uma coisa que precisa adequar é o auxílio alimentação e o auxílio transporte. O funcionário pode ganhar bem, mas o valor que é pago hoje para os auxílios é irrisório, precisa ser atualizado.

 

Jornal Tribuna: Você citou melhorias nos auxílios alimentação e transporte dos funcionários públicos. Na sua visão, o que mais poderia ser melhorado para esses trabalhadores?

Wilson Machado: Além de um valor condizente com a realidade nos auxílios, poderia voltar o plano de saúde, que é essencial. Com o convênio médico, a demanda no Hospital Municipal iria cair consideravelmente. Além do Municipal, temos o particular, o Samaritano que cito como exemplo. Ele é capaz de atender com qualidade todo nosso funcionalismo público, como já atendeu quase 20 mil pessoas da Petrobras. Eu sei que não se pode direcionar e a cidade deve estar de portas abertas para empresas do setor que queiram investir aqui. Outra coisa importante que deveria ser feito: metade dos cargos de confiança do prefeito deveriam ser os próprios funcionários públicos. Porque? Porque são as pessoas com qualificação técnica, que fazem o dia a dia da prefeitura. Entra prefeito e sai prefeito, eles estão lá, sempre desenvolvendo o trabalho deles e ainda ensinando os CCs a fazerem também. Eles que mantêm a prefeitura funcionando, porque conhecem todo o processo, o funcionamento, mesmo quando tudo está em crise como agora. Vou ser bem claro. Quando eu entrei na administração para ser secretário, eu não entendia dos processos municipais. Quem me ensinou, meu ajudou e me alertou foram os funcionários da Secretaria que estão lá há anos. Eu não tive nenhum CC meu lá dentro. Eles foram meus professores e sou muito grato por isso. Aprendi com quem realmente entende. Eu faria uma lei, que independente do prefeito que viesse, metade dos CCs teriam de ser funcionários públicos, cada um em sua secretaria específica. E mais, esses CCs seriam escolhidos pelos próprios colegas de trabalho e não pelo prefeito. A cada seis meses, os mesmos colegas fariam uma avaliação do desempenho do escolhido e se o resultado for insatisfatório, troca-se o funcionário. Isso acabaria com a politicagem barata e reconheceria os funcionários por sua capacidade. Outra coisa que pode ser feita é a criação da Secretaria dos Bairros. Porque o povo elege o presidente do bairro e eu traria esses presidentes para junto da administração. Assim, eles ficariam mais próximos da prefeitura, em contato com os secretários, para defender os interesses do bairro que representam. Hoje, os representantes de bairro não têm acesso direto ao prefeito ou à prefeitura. Eles recorrem aos vereadores e muitas vezes o prefeito nem fica sabendo das necessidades pleiteadas. A Secretaria dos Bairros facilita o entendimento entre as partes e a resolução dos problemas pode ser mais rápida. Se a população do bairro não gostar do desempenho do seu representante, realiza-se uma nova votação para presidente.

 

Jornal Tribuna: Vamos falar um pouco de entretenimento e lazer? O que você faria pela cidade na área da Cultura?

Wilson Machado: Eu penso que o cidadão precisa ter sua alimentação dentro de casa, seus filhos precisam de uma escola descente pra estudar, mas ele também precisa ter momentos de lazer na sua cidade. Eu vejo os investimentos da Cultura e da Secretaria de Turismo e Eventos – como o Cinema, o Rodeio, o Carnaval e até os eventos que já existiram na cidade como a Noite Italiana, Festa das Nações, Natal das Luzes, entre outros -, como um investimento para a própria cidade. São festas que atraem público, movimentam a economia, porque na grande maioria dos eventos, as pessoas cadastradas montam suas barracas e vendem seus produtos. Acho importante que se mantenha a cidade movimentada através desses atrativos e até incrementaria essas ações. Não podemos crucificar a Cultura por causa de outras áreas que estão deixando a desejar, mas as áreas essenciais também precisam estar em ordem para o ciclo ser completo. É claro que quando você compra picanha e está faltando o leite a crítica vem, então primeiro precisamos arrumar a casa, mas sem deixar que a cultura desaparecer. Precisamos investir nos nossos artistas, dar visibilidade a eles, e às vezes, as únicas oportunidades que ele têm, são nas festas municipais.

 

Guilherme Campos, ex-presidente da Associação Comercial de Campinas e ex-deputado federal, e Wilson Machado, da Acip de Paulínia, recebendo a medalha de honraria pelo Centenário do 8º Batalhão da Polícia Militar, em Campinas
Guilherme Campos, ex-presidente da Associação Comercial de Campinas e ex-deputado federal, e Wilson Machado, da Acip de Paulínia, recebendo a medalha de honraria pelo Centenário do 8º Batalhão da Polícia Militar, em Campinas

Jornal Tribuna: Outra questão bastante discutida na cidade é a da qualidade das cestas básicas. Como um prefeito poderia agir nesta questão?

Wilson Machado: Sobre isso, lá atrás, quando ainda era presidente da Acip, eu já tinha comentado essa questão. Eu, com nove anos de idade, vi o que é passar necessidade. Meus pais morreram e o que eles me deixaram de herança foi a educação e o respeito ao próximo. Comia macarrão e tomava suco só de domingo, durante a semana comia arroz e uma berinjela, ou abobrinha, olhe lá quando tinha um ovo ou feijão. Eu senti na pele o que é ter essa necessidade básica, mas que não se resumia só à alimentação. As vezes faltava também um sabonete, uma pasta de dente, que também são itens de primeira necessidade. Então, para mudar a qualidade da cesta distribuída hoje, não basta oferecer produtos de marca reconhecida. Eu tenho outra visão. Na minha opinião, o essencial era, ao invés da cesta, a prefeitura fornecer um cartão de débito, no valor de uma cesta de qualidade e que seja aceito somente no comércio de Paulínia, para que as famílias avaliem suas necessidades e comprem o que elas precisam. Porque, de repente eu ganho uma cesta enorme, mas não tenho dinheiro para comprar um pacote de absorventes para minha filha, ou um shampoo para a família. A dona de casa não depende só de comida, ela lava roupa, ela limpa casa, e precisa desses produtos que não vêm na cesta. Corremos o risco de, quando a prefeitura faz uma concorrência pública – que custa milhões para os cofres públicos, e com o tempo a qualidade deixa a desejar -, não conseguir romper o contrato e não haver tempo de abrir uma nova licitação. Assim, a Prefeitura fica à mercê de uma empresa, às vezes até brigando judicialmente, por conta de contrato. Com o cartão, isso acaba e a família decide o que é necessário. Isso é dignidade. Claro que seria proibida a compra de bebidas alcóolicas e cigarro com esse cartão, com risco de rompimento da parceria com o estabelecimento que forneceu.

 

Jornal Tribuna: Como resolver o caos da Saúde de Paulínia?

Wilson Machado: Eu tenho a seguinte opinião: sou a favor da terceirização da saúde pública. A ideia é manter o Hospital Municipal e ao mesmo tempo terceirizar alguns serviços de pronto atendimento em hospitais particulares, como por exemplo, para o Samaritano, já que é o único em Paulínia atualmente. Não estou dizendo que deveria trazer alguém para tomar conta do Hospital Municipal, mas oferecer à empresas médicas que sejam parceiros das prefeitura no atendimento à população. Continuar os serviços públicos, mas agregar os hospitais que queiram investir em Paulínia. Nossos funcionários são competentes, nossos médicos são competentes, mas eles estão sobrecarregados, o que falta é uma logística de atendimento. Precisamos dividir essa carga de hoje na saúde. Minimizar o Hospital Municipal e oferecer um bom atendimento. Isso seria como um seguro saúde para a toda população. Dessa forma, não teríamos mais problemas com exames e consultas. Outra ação muito importante que deveria ter é o Arrastão da Saúde. Montar equipes para passar de casa em casa consultando as famílias como trabalho preventivo, fazendo um check-up. Abriria um processo licitatório para contratação de pacotes de exames para o cidadão realizar em mutirão. Tem muita gente com guias para fazer exames e há tempos não consegue por falta de aparelho ou data disponível. Isso seria agilizado no dia do arrastão. Paulínia é uma cidade demograficamente pequena, temos cerca de 36 mil casas, então, dá para fazer. Poderia custar milhões, mas a saúde é o bem mais precioso que a vida pode nos dar. Outra coisa é o Conselho de Saúde. Ele precisa ter mais poder de fiscalização. Um Conselho escolhido 100% pelos usuários da saúde precisa ser respeitado e levado a sério. Precisa sim ter voz ativa, porque força o Executivo a trabalhar com transparência. Quem não deve não teme.

 

Jornal Tribuna: Um último tema, mas não menos importante. O trânsito na Avenida José Paulino, sentido João Aranha é caótico em horários de pico. Tem solução?

Wilson Machado: Sabemos que o caso da construção da segunda ponte está enrolado e o processo é demorado, então, teria de fazer alguma coisa temporária, mas de imediato, para desafogar o trânsito daquela região em horário de pico. Minha sugestão seria a seguinte: passando a ponte, temos um canteiro central bem largo, que vai até o Ginásio do João Aranha. Eu faria mais uma pista, aumentaria da ponte até o Ginásio para desafogar o trânsito no sentido centro/bairro no período da tarde, porque depois do Ginásio o trânsito flui normalmente. Lembrando que há espaço suficiente para manter a pista de caminhada que existe no local. No período de trânsito mais intenso sentido centro, que é de manhã, abriria a pista no sentido contrário. Ao chegar na José Paulino, eu desligaria os semáforos porque eles não são cronológicos. Os agentes de trânsito é quem coordenariam a passagem dos veículos. Esta técnica é usada no Japão, também em horários de maior trânsito, e funciona muito bem. Aqui em Paulínia, funcionaria até a finalização da segunda ponte. Também, durante o horário comercial na José Paulino e adjacentes, eu instituiria a Zona Azul, que também melhora muito o trânsito no centro, além de impedir que os carros fiquem muito tempo estacionadas no mesmo local, porque aí pesa no bolso. Pode até aumentar as vendas dos comerciantes do centro, porque os clientes encontrariam mais vagas disponíveis para estacionar.

 

 

Confira algumas ideias sugeridas por Wilson Machado para melhorias na cidade

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